A sigla NFT começou a ser conhecida pelo público geral em Março de 2021 depois de Jack Dorsey, CEO do Twitter, ter vendido o NFT do seu primeiro tweet por 2,9 milhões de dólares. Desde aí que esta sigla tem vindo a ganhar visibilidade, graças a estas vendas milionárias de conteúdos digitais.
Em 2021, tornaram-se numa das maiores tendências de investimentos criptoativos ao atingirem um volume de vendas na ordem dos 1,7 bilhões de dólares. No entanto, o primeiro NFT de que há registo foi criado em Maio de 2014 por Kevin McCoy e Anil Dash e, desde então, já fazem circular dezenas de milhões de dólares.
Os elevados valores destes criptoativos devem-se ao facto de cada NFT ser diferente e, por consequência, raro. Muitas empresas estão agora a entrar no mundo dos NFT de forma a criarem fontes de rendimento adicionais e atraírem um grupo exclusivo de clientes.
O que é um NFT?
A sigla NFT significa Non-Fungible Token que, em português, quer dizer token não fungível. O oposto de “não fungível” é “fungível” que significa que é substituível. Ou seja, imagine que tira algumas fotografias com o seu smartphone. Cada uma dessas fotografias é única ou “não fungível”. Já se pensar em dinheiro, 1€ é sempre igual a 1€ e um pode ser substituído por outro, ou seja, é fungível.
Um NFT é uma representação digital de qualquer ativo que seja único e inigualável. Ele está inserido numa blockchain de forma a comprovar a autenticidade do seu conteúdo e o registo do proprietário.
Os NFT não representam apenas imagens. Eles podem ser músicas, textos, vídeos e muito mais. Também não são necessariamente utilizados apenas em conteúdos de arte digital. Podem ser usados em qualquer contexto que envolva registos que tenham um número de série único como bilhetes para um evento.
Na prática, um NFT é um código informático que comprova a posse de algo, ou seja, certifica que uma pessoa é proprietária de um conteúdo digital. No entanto, certifica apenas a propriedade do conteúdo original e não significa que não existam cópias do mesmo.
A compra de NFT é sempre feita com recurso ao uso de criptomoedas como a Ethereum, que é a mais comum neste tipo de transação.
Como é que as empresas podem usar NFT?
Qualquer pessoa pode criar e vender um NFT em plataformas como o OpenSea. O facto de os NFT serem cada vez mais populares entre investidores particulares, faz com que estes apresentem oportunidades para as empresas, como por exemplo:
- Permite aceitar pagamentos em criptomoedas sem que seja necessário perder muito tempo com configurações;
- Cria um fluxo de caixa rápido para quem precisa de expandir o seu negócio depressa mas não possui ainda o capital necessário;
- Facilita a criação de comunidades permitindo a interação entre os compradores dos vários NFT de uma empresa;
- Aumenta o reconhecimento da marca e a fidelidade do consumidor. Comprar NFT com o branding da empresa é um grande selo de aprovação que os clientes podem dar às empresas, especialmente se estes estiverem disponíveis apenas para alguns consumidores;
- Permite a criação de uma fonte de rendimento passivo graças a royalties. Isto porque, sempre que alguém revende um NFT, o seu criador recebe uma parte dessa venda;
- Ajuda a preparar o seu negócio para o metaverso. À medida que o metaverso cresce e ganha popularidade, mais pessoas irão aderir a este mundo virtual e será cada vez mais uma necessidade investir em criptoativos como os NFT.
Mas, para tirar partido destas oportunidades, é preciso que dê uma boa razão às pessoas para quererem comprar o NFT que a sua empresa criar. De seguida partilhamos algumas ideias de formas como pode usar NFT:
- Criação e venda de produtos digitais colecionáveis: ofereça produtos digitais exclusivos e colecionáveis aos seus consumidores. Este é um bom exemplo para artistas e músicos. Isto foi o que o festival Coachella fez em 2022 quando ofereceu um NFT a todos os seus participantes;
- Programas de fidelização: recompense os consumidores pela lealdade à sua marca, incentivando-os a continuar a comprar os seus produtos e serviços;
- Clubes de assinatura: dê acesso a conteúdo e descontos exclusivos para os membros que estão dentro destes clubes;
- Bilhetes e passes para eventos: venda bilhetes e passes para eventos que a sua empresa organize, o que também facilitará a verificação de quem tem acesso aos seus eventos. Um exemplo desta aplicação é o do clube de futebol brasileiro Vasco da Gama que, em parceria com a Block4 emitiu bilhetes para um jogo em NFT.
- Angariação de fundos: angarie fundos para uma campanha solidária ou mesmo para financiamento do seu negócio. Isto foi o que a MAC Cosmetics fez na sua campanha de angariação de fundos para apoiar organizações na luta contra o HIV.
6 passos para criar o seu próprio NFT
Agora que já sabe um pouco mais sobre o que são NFT e como podem ser usados, falta saber como pode criar e distribuir um NFT. É um processo simples que consiste nos seguintes passos:
- Escolher o ficheiro do NFT: pode ser uma imagem, pintura, música, bilhete, qualquer coisa que seja única, visto que é essa singularidade que lhe dará valor. É importante garantir que possui os direitos de propriedade intelectual do conteúdo do ficheiro que quer transformar num NFT;
- Escolha a blockchain para alojar o seu NFT: este processo é conhecido como minting (cunhagem em português) e é quando são criados os registos públicos inalteráveis que permitirão acompanhar e rastrear todas as transações futuras do seu NFT. A blockchain mais popular para NFT é a Ethereum;
- Crie a sua carteira criptográfica (wallet): caso ainda não tenha uma, irá precisar de criar uma wallet e comprar algumas criptomoedas, uma vez que precisará de financiar o processo de minting para a criação do seu NFT. A maioria das plataformas de NFT aceitam pagamentos em Ethereum;
- Escolha a plataforma de distribuição de NFT: assim que tiver a sua wallet e algumas criptomoedas, está na hora de criar o seu NFT. Para isso, irá precisar de escolher uma plataforma de distribuição de NFT e integrá-la com a sua wallet para que possa pagar a taxa de minting e receber as receitas das suas vendas;
- Faça o upload do ficheiro que quer converter em NFT: a plataforma que escolheu deverá ter um guia que explica como fazer o upload do seu ficheiro. Este processo irá permitir-lhe converter o seu ficheiro num NFT comercializável;
- Configurar o processo de vendas: finalmente, resta decidir como quer monetizar o seu NFT. Dependendo da plataforma, pode optar por vender o seu NFT a um preço fixo ou usando um modo de leilão, onde define o preço de venda mínimo e a percentagem de royalties que quer receber com todas as futuras vendas do seu NFT. Considere as taxas que tem de pagar pela criação do seu NFT quando estiver a definir o preço mínimo, para que estas estejam sempre cobertas.
Apesar de a criação dos NFT ainda estar maioritariamente ligada à arte digital, esta tecnologia tem um potencial que vai muito para além de ser usado apenas como peças colecionáveis.
O simples facto de os NFT serem um registo inalterável com um número de série único, faz com que a sua aplicação possa ser feita nos mais variados contextos desde venda de bilhetes de acesso a eventos a angariação de fundos para apoiar organizações humanitárias.
Qualquer pessoa pode criar um NFT seguindo os passos descritos neste artigo. Basta escolher algo que seja único, já que é isso que lhe irá dar valor e dar uma razão às pessoas para quererem o seu NFT.