Nos últimos anos, novos modelos de trabalho surgiram devido à crescente digitalização. A pandemia de Covid-19 e a maior procura por serviços digitais aceleraram a adoção de formas de trabalhar mais flexíveis, sem horários definidos ou contratos fixos, o que fez desenvolver a Economia GIG.
Embora muitos destes modos diferentes de trabalhar já existissem, tinham um modus operandi diferente e designavam-se na sua generalidade como trabalho freelance. No InvoiceXpress, já abordámos várias tipologias de trabalho, como o trabalho temporário, o trabalho em part-time e o trabalho independente.
Contudo, a economia GIG, uma nova tendência de trabalho freelancer baseada em tarefas e com registo em aplicações móveis, é ligeiramente diferente dos tipos de trabalho mencionados. Apesar de partilhar algumas semelhanças no funcionamento.
Economia GIG: o que é?
A economia GIG refere-se a um mercado de trabalho caracterizado pela prevalência de contratos temporários, freelancing, e trabalhos pontuais (chamados de “gig”, que em inglês, neste contexto, significa “trabalho temporário”) em oposição aos empregos permanentes.
Este modelo abrange uma ampla gama de atividades, desde trabalhos administrativos, artísticos e criativos até serviços de entrega e transporte, sempre no setor da prestação de serviços e, usualmente, de curto prazo. O trabalho é realizado e pago por tarefa.
A escolha deste tipo de trabalho independente pode ser voluntária e constituir o rendimento principal de um trabalhador independente; pode ser ocasional para complementar os rendimentos; pode ser feito por falta de ofertas de empregos tradicionais ou pode ser um trabalho suplementar por necessidade.
Estrutura da Economia GIG
Prestador de serviço >> plataforma >> cliente utilizador do serviço GIG
A economia GIG opera, essencialmente, com base em plataformas que intermediam o contacto entre o prestador de serviços (o trabalhador indepentende) e o cliente final.
Exemplos incluem a UBER, o Airbnb, a UPWORK, entre muitas outras plataformas. Tanto os trabalhadores quanto os clientes que usam estas plataformas fazem parte da Economia GIG.
Economia GIG em expansão no mundo
Os avanços tecnológicos, as mudanças nas preferências do trabalho, sem horários e fora dos escritórios, e a flexibilidade oferecida por estas novas oportunidades motivaram o crescimento da economia GIG.
Nos Estados Unidos da América, por exemplo, esta forma alternativa de trabalho está em franca expansão. Assim o comprova o estudo American Opportunity Survey da empresa consultora de gestão McKinsey, feito em 2022, indicando que 36% dos trabalhadores empregados se identificavam como independentes, o que correspondia a cerca de 58 milhões de americanos. Em 2016, essa proporção era de 27%.
No Brasil, a economia GIG cresceu 60% entre 2016 e 2020, especialmente no setor do transporte de passageiros e de mercadorias, revelou um estudo do Instituto de Pesquisa Económica Aplicada. Mais de 1,4 milhões de brasileiros trabalhavam em plataformas específicas de transporte.
Na Europa a realidade é semelhante. Uma análise da Comissão Europeia, em 2021, identificou 500 plataformas de trabalho digital e mais de 28 milhões de pessoas a oferecer serviços por conta própria.
O relatório indicava que as plataformas exercem um certo grau de controlo ao utilizar algoritmos para atribuir tarefas, avaliar serviços, etc. Então, devido à exigência de maior segurança e regulação do setor, foi aprovada uma nova diretiva acerca das plataformas digitais que pretende proteger os trabalhadores que oferecem os seus serviços, com implementação prevista para os próximos dois anos.
Economia GIG: porque é importante?
O mercado de trabalho moderno e globalizado está mais flexível, e a economia GIG é crucial para empresas e trabalhadores. As empresas, por um lado, podem ajustar rapidamente às suas necessidades de mão-de-obra conforme a flutuação do mercado, sem compromissos de longo prazo.
Os trabalhadores, por outro lado, diversificam as fontes de rendimento e equilibram a vida profissional e pessoal, graças à maior liberdade que proporciona.
Economia GIG: as vantagens e desvantagens deste modelo de trabalho
Vantagens:
- Diversificação das fontes de rendimento: múltiplos trabalhos ou duplas jornadas;
- Equilíbrio entre vida familiar e profissional: adaptação aos horários e exigências familiares;
- Autonomia e independência (autogestão);
- Desenvolvimento: aquisição de novas competências e experiências;
- Possibilidade de as empresas encontrarem profissionais qualificados em diferentes áreas ou regiões;
- Possibilidade de viajar e trabalhar, usufruindo de rendimentos mais elevados face ao custo de vida dos lugares em que escolha viver como nómada digital.
Desvantagens:
- Instabilidade financeira;
- Incerteza quanto ao volume de trabalho;
- Falta de benefícios (apoios sociais, subsídios de desemprego, etc.);
- Dependência financeiras das plataformas, afetando a liberdade do trabalhador;
- Ausência de contratos formais, permitindo o cancelamento do trabalho a qualquer momento, gerando instabilidade;
- Desrespeito pelos intervalos de descanso, visando maior produção e ganho;
- Rápida mudança no mercado;
- Prejuízo para a saúde física e mental devido a práticas desregradas;
- Menor envolvimento e compromisso com as empresas para as quais prestam serviços.
Quem trabalha na Economia GIG?
Quem trabalha na economia GIG, vem por vários motivos. Um estudo da McKinsey identificou quatro tipos de trabalhadores:
- Por escolha própria – rendimento principal;
- Por necessidade – rendimento principal (preferiam ter um emprego tradicional);
- Ocasionais – para obter um rendimento extra;
- Financeiramente presos – rendimento extra necessário para aumentar os rendimentos.
Exemplo de atividades, tipos de trabalho e profissões
- Serviços de entrega e transporte: motoristas de aplicações, como a Uber, e empresas de entregas, como a Glovo;
- Trabalhos criativos e tecnológicos: designers gráficos, criadores de software, redatores de conteúdo, fotógrafos, gestores de redes sociais;
- Serviços pessoais e domésticos: babysitter, cuidadores, personal trainers, profissionais de limpeza;
- Consultoria e educação: consultores de negócios, professores particulares, tutores, tradutores, formadores;
- Serviços de alojamento: proprietários de habitações ou gestores de alojamento: airbnb, booking.
Economia GIG: Desafios do crescimento para as sociedades atuais
Os trabalhadores da economia GIG valorizam a independência e flexibilidade, mas estão menos satisfeitos com o rendimento ou os benefícios recebidos.
Um estudo da McKinsey, conduzido nos EUA e na Europa, revelou que nem todos aderem a este trabalho alternativo por opção, mas porque muitos não conseguiram um trabalho tradicional com contrato.
Em geral, este grupo de trabalhadores sente-se insatisfeito com a atividade GIG, embora revelem níveis de satisfação mais elevados do que aqueles que trabalham em empregos tradicionais.
O trabalho independente tem crescido a um ritmo veloz, enquanto vão surgindo cada vez mais plataformas para conectar prestadores e clientes. Contudo, apenas 15% desses trabalhadores usaram uma plataforma para encontrar trabalho, segundo o estudo Mckinsey.
A transformação digital veio para ficar uma vez que:
- os trabalhadores mais tradicionais aspiram trabalhar de forma independente;
- há muitos desempregados e inativos;
- tem aumentado a procura pela prestação de serviços por parte de consumidores e organizações.
O principal desafio será a constante mudança nas necessidades do consumidor e nas plataformas existentes, exigindo rápida atualização dos trabalhadores e das empresas. A aceleração do digital e da inovação tecnológica, como a Inteligência Artificial, irá eliminar alguns postos de trabalho e criar outros novos, exigindo novas competências ainda desconhecidas.
As plataformas continuarão a existir, mas será necessário criar mecanismos para que operem sob fiscalização, garantindo maior proteção aos trabalhadores.
Além disso, os líderes terão um papel fundamental e agregador em integrar freelancers às suas organizações, criando sentido de pertença e camaradagem. Comunicar mais, pedindo e dando feedback imediato, partilhando objetivos e remunerando o desempenho destes colaboradores temporários são algumas das estratégias.
Faturação Simples e Automatizada para a Economia GIG
Para os profissionais da economia GIG, manter um controle rigoroso sobre a sua faturação é crucial para garantir estabilidade financeira e uma gestão eficiente dos seus rendimentos.
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