O aumento da população mundial e da procura de produtos levam a uma necessidade do aumento da produção e, consequentemente, do consumo de recursos naturais. Por isso, é cada vez maior a necessidade de implementar práticas sustentáveis na produção para que o crescimento económico deixe de ser sinónimo do aumento do consumo de recursos.
A economia circular foca-se na redução, reutilização, reciclagem e recuperação de materiais e energia usados na produção de bens e realização de serviços. Este é um conceito estratégico que pretende eliminar o conceito de “lixo” que está tão presente na economia linear.
Economia Circular vs Economia Linear
A economia linear tem sido o sistema de produção maioritariamente usado até hoje e que muito contribuiu para o crescimento da economia desde a primeira revolução industrial. No entanto, ele está assente em práticas de extracção de recursos, produção e descarte de resíduos.
Quando esta prática é associada ao consumo de recursos não renováveis (finitos), isso significa que estamos a caminhar para uma diminuição da disponibilidade e, eventualmente, um esgotamento destes mesmos recursos.
Consequentemente, quanto menos recursos houver disponíveis, maior será o seu custo, o que torna o futuro da economia muito imprevisível. Para além disto, este modelo de produção também cria um grande volume de resíduos que são inutilizados e podem ser tóxicos para o ambiente.
O conceito de economia circular vem revolucionar os sistemas de produção com o principal objetivo de eliminar o conceito de lixo, fazendo com que os resíduos de um processo de produção sejam recursos utilizados noutro processo de produção, privilegiando produtos que possam ser reparados, reutilizados e atualizados em vez de descartados.
No entanto, para que se torne uma realidade, a implementação de uma economia circular não está apenas relacionada com a forma como é feita a gestão de resíduos e reciclagem. Ela também está relacionada com a forma como os produtos são desenhados, a minimização da utilização de recursos, aumento da eficiência dos processos de produção, maximização da reutilização e também no desenvolvimento de novos modelos de negócio que suportem este sistema circular.
Modelo da economia circular vs modelo tradicional da economia linear. Fonte: DGAE.
Princípios e benefícios da Economia Circular
A economia circular baseia-se em 3 princípios:
- Eliminar desperdício e poluição: criar produtos feitos de materiais que possam ser reutilizados depois do seu uso inicial ou que sejam fáceis de reparar;
- Circular produtos e materiais no seu valor mais elevado: usar ao máximo os produtos (através da reutilização ou reparação) e as suas matérias-primas (através da reciclagem ou com a compostagem de materiais biodegradáveis);
- Regenerar a natureza: mudar o foco da extração de recursos naturais para que seja possível a sua regeneração, através de práticas agrícolas que permitam a recuperação do solo, o aumento da biodiversidade local e a redução da emissão de gases poluentes.
Ao aplicar estes princípios, as empresas irão reduzir a entrada de novos recursos nos seus sistemas de produção. Isto pode significar uma poupança para as empresas, reduzindo a sua susceptibilidade à volatilidade no preço das matérias-primas e às limitações no seu fornecimento.
Por outro lado, ao fazer com que os produtos e matérias-primas circulem e sejam reutilizados, estamos a limitar a extração de recursos naturais, reduzindo a pressão sob o meio ambiente.
Para além disto, os consumidores terão disponíveis produtos com uma vida útil mais longa, permitindo-lhes poupar dinheiro a longo prazo. Assim, a economia circular irá contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos consumidores através do aumento do seu poder de compra.
Modelos de negócio e exemplos ilustrativos da Economia Circular em ação
Existem 5 principais modelos de negócio da economia circular:
- Cadeia de abastecimento circular: uso de energias renováveis, materiais biológicos ou recicláveis. Isto permite a eliminação parcial ou total de resíduos e poluição, reduzindo custos de produção, uma vez que deixam de estar dependentes de recursos escassos.
Ex: transformação de pneus em fim de vida em pó e granulado de borracha, aço e fibras têxteis pela Genan; - Economia partilhada: aumento das taxas de uso por meio de modelos colaborativos para uso ou acesso a ativos como o transporte, máquinas e armazéns. Assim, o acesso a um determinado ativo não requer a sua compra, mas é partilhado entre um grupo de pessoas ou empresas individuais. Isto faz com que ativos caros tenham uma maior taxa de utilização.
Ex: partilha de escritórios em espaços de coworking como o NOW – No Office Work; - Produto como um serviço: uso de um produto por um tempo limitado enquanto o fornecedor continua a ser proprietário do mesmo, sendo responsável pela sua manutenção, durabilidade, atualização e tratamento contínuos do produto até ao seu final de vida.
Ex: aluguer de equipamento industrial pela Equipa de Aluguer; - Extensão da vida útil do produto: reparação, manutenção, atualização, revenda, fabricação, facilidade de desmontagem, recondicionamento e reciclagem dos produtos e todos os componentes.
Ex: produtos recondicionados e revendidos pela Forall Phones; - Recuperação e reciclagem de recursos: recuperação de recursos utilizáveis ou energia a partir de resíduos ou subprodutos, ou seja, a recuperação de matéria-prima, energia e recursos de produtos no final do uso que já não são funcionais na sua aplicação atual. Aqui, os consumidores são incentivados a devolver os produtos para que possa haver esta recuperação e reciclagem.
Ex: campanha de retoma de equipamento promovida pela Worten.
A economia circular promove uma reorganização de sistemas através de uma melhor coordenação dos sistemas de produção cujo consumo é feito em circuitos fechados para uma economia mais sustentável. Estes circuitos fechados tornarão possível a redução da entrada de novas matérias-primas e também a redução da saída de resíduos.
Ela implica a implementação de processos que, não só exigem uma estrutura técnica que permita novos processos de produção mais eficientes, mas requer também um enquadramento social.
Ao sensibilizar os consumidores para a necessidade de uma economia assente em valores de sustentabilidade, estes também estarão mais conscientes e informados no momento da escolha de produtos, privilegiando aqueles com origem em modelos de negócio da economia circular.
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