O mundo digital está mais maduro, mais competitivo e mais exigente em 2025. Cerca de 70% da população mundial está online, o que representa uma oportunidade sem precedentes, mas também um cenário de grande pressão para marcas que querem destacar-se.
As redes sociais fazem parte da rotina de milhões de pessoas, o telemóvel continua a ser o principal ponto de contacto entre utilizador e marca, o comércio eletrónico consolida-se como um dos principais motores da economia digital em 2025, e a publicidade digital assume um peso cada vez maior nas estratégias de marketing.
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com a privacidade online, o que exige das marcas uma abordagem mais ética, transparente e orientada para o valor real.
Neste artigo, analisamos os principais dados do relatório Digital 2025 Global Overview Report, publicado pela DataReportal, com uma leitura prática e crítica do que realmente importa para quem trabalha no digital. Mais do que olhar para números, interessa perceber como estes dados podem traduzir-se em ações estratégicas e decisões com impacto direto no crescimento do seu negócio.
O estado do digital em 2025: um mundo quase totalmente conectado pela internet
Em janeiro de 2025, a população mundial chegou aos 8,04 mil milhões. Destes, 5,56 mil milhões são utilizadores da internet, ou seja, 69,1% da população global já está online. Este dado confirma uma das tendências digitais de 2025: a consolidação da presença online como norma global. O crescimento continua estável, com mais 136 milhões de utilizadores face a 2024.
Ainda assim, mais de 2,48 mil milhões de pessoas continuam offline, sobretudo em regiões da Ásia e de África, onde persistem barreiras económicas, sociais e infraestruturais. Este contraste mostra que, apesar da enorme penetração global, o digital ainda não é universal mesmo em 2025, e que existem mercados com espaço real para crescer, mas também desafios que exigem soluções à escala local.
Para quem gere um negócio online, este dado reforça a ideia essencial de que o público digital já não é nicho, é maioria. E isso muda a forma como se pensa comunicação, posicionamento e investimento.
Como se distribui o tempo online?
Em média, cada pessoa passa 6 horas e 38 minutos por dia online, um valor estável comparativamente aos anos anteriores. Embora o crescimento tenha abrandado, a utilização da internet está cada vez mais integrada nas rotinas diárias, deixando de ser um meio adicional para se tornar o centro da vida digital.
O que fazemos durante esse tempo?
Segundo os dados do Digital 2025 Global Overview Report, estas são algumas das principais atividades online:
- Procurar informação – 60,9%
- Contactar amigos e família – 56,6%
- Ver vídeos e filmes – 52,3%
- Acompanhar notícias – 51,9%
- Fazer compras online – 74,3%
- Utilizar plataformas de mensagens – 94,7%
Embora os hábitos se mantenham relativamente estáveis, as exigências mudaram, sobretudo ao nível do comércio eletrónico. Os utilizadores esperam velocidade, segurança e personalização. Quem gere negócios digitais precisa de alinhar a experiência de marca com estas expectativas, porque quem não entrega à primeira, perde.
Redes sociais em 2025: mais plataformas, mais tempo, mais escolhas
As redes sociais somam 5,24 mil milhões de utilizadores ativos, o equivalente a 63,9% da população mundial. O crescimento de 4,1% face ao ano anterior demonstra que este canal entrou numa fase de consolidação.
Ainda assim, continua no centro das tendências digitais de 2025. Não tanto pelo número de novos utilizadores, mas pela forma como influenciam decisões de compra e constroem relações com as marcas.
Cada utilizador visita, em média, 6,8 plataformas diferentes por mês. O tempo médio diário gasto nestas plataformas é de 2h21min. É nas redes que se consome conteúdo, se tomam decisões de compra e se constrói reputação. E é também onde as marcas precisam de estar, com propósito e consistência.
As plataformas com mais alcance global:
- TikTok
- YouTube
O TikTok lidera no tempo médio de utilização mensal, com cerca de 34 horas por utilizador, seguido do YouTube e do Facebook. Já o Instagram continua a ser a plataforma preferida para a maioria, o que reforça a sua importância em estratégias de marca mais visuais e aspiracionais.
Em Portugal, os dados seguem a tendência global, com o Instagram (82,4%) a manter-se como a plataforma mais utilizada e preferida entre os utilizadores, especialmente entre os mais jovens. O Facebook (81,8%) continua relevante, sobretudo nas faixas etárias mais velhas, enquanto o TikTok (48,8%) regista crescimento acelerado, especialmente em tempo médio de uso. O WhatsApp permanece uma ferramenta de comunicação transversal a todas as idades, com grande penetração no quotidiano dos portugueses.
Oportunidades para os negócios:
- Apostar em conteúdo em vídeo curto, direto e envolvente
- Adaptar a linguagem e formato à rede em questão
- Integrar canais de atendimento como WhatsApp e Messenger, para facilitar o contacto e reduzir fricção.
O utilizador está presente em várias redes ao longo do dia, mas espera abordagens específicas em cada uma. Quem replica o mesmo conteúdo em todas, perde relevância e atenção, e fica fora do radar nas tendências digitais de 2025.
Gerações digitais: como cada faixa etária se comporta online
A análise dos dados do relatório mostra variações significativas no comportamento digital por idade. Esta segmentação permite uma afinação mais estratégica das campanhas e presença digital.
- Utilizadores entre os 16 e os 24 anos privilegiam TikTok e Instagram, com consumo intensivo de vídeo e interações rápidas.
- Entre os 25 e os 34 anos, nota-se uma presença mais equilibrada entre redes como Instagram, Facebook e LinkedIn, com maior foco em temas profissionais, compras e produtividade.
- A faixa dos 35 aos 54 anos mantém-se fiel ao Facebook e ao WhatsApp e valoriza confiança, clareza e utilidade.
- Já os 55+ usam sobretudo Facebook e email, mas com forte adesão ao WhatsApp. Preferem informação objetiva e funcional.
Com base nestes dados, a definição de conteúdos e plataformas deve ser feita considerando não só o perfil do público-alvo, mas também a etapa da vida digital em que se encontra.
Novos hábitos digitais: voz, imagem e inteligência artificial
O relatório também destaca a adoção crescente de formas alternativas de interação digital, como comandos de voz, pesquisa por imagem e ferramentas de inteligência artificial.
- Cerca de 1 em cada 4 utilizadores afirma já ter usado comandos de voz para realizar pesquisas ou aceder a conteúdos.
- O uso de aplicações como Google Lens ou Pinterest Lens mostra o crescimento da pesquisa visual, em especial no comércio eletrónico e nas compras por impulso.
- A IA é cada vez mais usada para sugestões personalizadas, quer em assistentes virtuais, quer em sistemas de recomendação de produtos e serviços.
Estes hábitos digitais exigem que os negócios ajustem as suas estratégias de SEO, incluindo linguagem natural, imagens otimizadas e formatos adaptados à navegação assistida por IA ou voz.
A supremacia do telemóvel: mobile é o novo normal
O acesso à internet é, cada vez mais, feito na palma da mão. Em 2025, 96,3% dos utilizadores navegam a partir de um smartphone, e já existem 5,78 mil milhões de utilizadores únicos de telemóvel em todo o mundo.
O impacto no comportamento digital é claro:
- 63% do tráfego web global vem de dispositivos móveis:
- 56,8% do tempo online total é passado no telemóvel:
- Em várias regiões, a maioria das compras online já é feita em mobile.
Apesar disso, os computadores continuam relevantes para tarefas mais complexas, como compras empresariais, trabalho ou formação.
Mas o mobile é, sem dúvida, o ponto de contacto dominante entre marcas e consumidores.
O que é essencial garantir:
- Websites leves, rápidos e responsivos, para todos os ecrãs;
- Experiências fluidas e seguras desde o primeiro toque;
- Checkouts e formulários otimizados para mobile – simples, curtos e sem obstáculos.
Em mobile, tudo tem de funcionar à primeira. Se a navegação falha, a perda é imediata e, na maioria dos casos, irreversível.
O crescimento do comércio eletrónico: mais do que vender, é preciso encantar
O comércio eletrónico continua a crescer e é um dos destaques das tendências digitais deste ano. Em 2025, 55,8% dos utilizadores da internet com mais de 16 anos fazem compras online todas as semanas. E o valor gasto em bens de consumo ultrapassa os 4,12 biliões de dólares, o equivalente a cerca de 3,8 biliões de euros.
O consumidor digital está mais informado, mais exigente e menos tolerante a fricções. Analisa, compara e espera uma experiência fluida, segura e eficiente. A confiança é, cada vez mais, o ponto de viragem entre abandonar ou converter.
Tendências em destaque:
- A moda, os eletrónicos e a mercearia continuam no topo das preferências;
- O mobile lidera em volume de transações;
- As taxas de abandono de carrinho continuam elevadas, sinal de que ainda há muito por otimizar.
Como responder a este novo consumidor:
- Apostar em descrições detalhadas e visuais de qualidade;
- Simplificar a navegação e o processo de pagamento;
- Usar chatbots e remarketing para recuperar carrinhos abandonados.
Publicidade digital em 2025: mais investimento, mais eficiência
Os utilizadores estão online e é lá que as marcas têm de estar. A publicidade digital representa mais de 70% dos orçamentos de marketing em muitos mercados, acompanhando o tempo e a atenção que o público dedica ao digital.
O investimento concentra-se sobretudo em:
- Anúncios em redes sociais – Facebook, Instagram, TikTok
- Campanhas em vídeo – YouTube, Reels, Shorts
- Anúncios de pesquisa – Google e Bing
A automatização é cada vez mais sofisticada, mas a personalização deixou de ser opcional. Plataformas como Meta e Google Ads oferecem segmentação avançada, mas a diferença está na criatividade e relevância da mensagem.
Em 2025, fazer publicidade não chega. É preciso falar bem, no momento certo, à pessoa certa, e isso exige estratégia, dados e criatividade a trabalhar em conjunto.
Boas práticas para tirar mais valor do investimento:
- Usar dados próprios (first-party data) para segmentar de forma precisa
- Adaptar criativos ao formato e à rede
- Medir, testar e ajustar continuamente
Privacidade digital em 2025: a nova moeda de confiança
A privacidade é um fator decisivo na relação entre marcas e utilizadores. As preocupações com os dados pessoais cresceram e refletem-se em comportamentos claros: mais rejeição de cookies, maior uso de ad blockers e uma preferência assumida por plataformas que respeitam a privacidade.
Tendências em destaque:
- Fim progressivo dos cookies de terceiros
- Crescimento da recolha e uso de first-party data
- Preferência por empresas com políticas de dados claras e transparentes
Estratégias digitais para 2025: foco, clareza e relevância
Com base nos dados do Digital 2025 Global Overview Report, estas são as estratégias mais relevantes para aplicar ou reforçar no seu negócio digital este ano:
- Mobile em primeiro lugar
O utilizador está no telemóvel e exige rapidez, fluidez e eficiência. - Estar em várias redes, mas com propósito
Cada plataforma tem o seu ritmo, linguagem e expectativa. A adaptação estratégica é o que separa quem comunica de quem só publica. - Investir em vídeo, especialmente curto
É o formato que mais capta atenção e retém tempo. Vídeos curtos, relevantes e bem produzidos são hoje um dos ativos mais eficazes no digital. - Recolher dados com ética e valor real
A privacidade é um tema sensível. Recolher dados de forma transparente, com consentimento claro e algo de valor em troca, é uma vantagem. - Simplificar ao máximo a experiência de compra
Menos cliques. Menos campos. Menos fricção. Quanto mais direta for a jornada, maior a taxa de conversão, sobretudo em mobile. - Ser relevante, não apenas visível
No meio do ruído digital, o conteúdo certo, no momento certo, continua a ser o maior fator de diferenciação. Visibilidade sem intenção é só distração.
Para estar a par sobre os dados do digital em 2025 no nosso país, consulte o nosso artigo dedicado exclusivamente à análise do relatório do digital em Portugal.