No mundo globalizado da gestão financeira, e da requisitada tomada de decisões para o seu negócio, é importante entender quais são os indicadores de desempenho da sua empresa, como o EBITDA.
EBITDA faz a diferença na gestão financeira num mundo cada vez mais global
Neste artigo, vamos explicar ao detalhe um desses indicadores: o EBITDA, uma métrica amplamente usada para avaliar a saúde financeira e a eficiência de um negócio, assim como para comparar com os resultados de outras empresas em todo o mundo. Isto porque não contabiliza variáveis que se alteram de país para país, como é a legislação tributária (impostos, taxas de juro, desvalorização da moeda, etc.). A base de dados SABI pode ajudar a obter informações sobre empresas a laborar em Portugal e também Espanha.
O indicador EBITDA tornou-se indispensável para empresários, gestores e investidores, uma vez que está focado em medir o potencial de rentabilidade do negócio, independentemente das fontes de dinheiro ou financiamento das empresas.
Diversos estudos e artigos destacam a importância do EBITDA na análise financeira das empresas, uma vez que consegue medir o desempenho operacional, puro e duro.
Por exemplo, o estudo “O EBITDA como base de mensuração na avaliação de empresa”, de Cleise Haigert, argumenta que, ao excluir elementos não operacionais, o EBITDA oferece uma visão padronizada do desempenho da empresa, útil para investidores e avaliações de valor, sobretudo em contextos internacionais. Se quiser conhecer um exemplo português, consulte: O estudo do EBITDA no grupo Almedina.
EBITDA: o que é?
EBITDA é a sigla em inglês – e amplamente usada em português – para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization, traduzido para português como “Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação (perda de valores ativos tangíveis. Ex.:máquinas) e Amortização (perda de valores ativos intangíveis. Ex.: software)”.
É, no fundo, uma forma de analisar o fluxo de caixa operacional e a eficiência de uma empresa, excluindo os efeitos financeiros, fiscais e contabilísticos, por vezes variáveis, que não estão diretamente relacionados com a atividade principal do negócio ou distorcem a sua performance real. Mais à frente veremos o cálculo do EBITDA, mas para já vamos entender melhor do que se trata.
Em suma:
EBITDA = lucro operacional da empresa antes dos descontos com impostos, juros, amortização e depreciação.
Oposto a lucro líquido, que é o dinheiro que sobra depois de pagar todas as despesas, impostos, juros, depreciações ou amortizações.
Para que serve o EBITDA?
Deste modo, o EBITDA é um indicador que permite analisar a evolução da empresa ao longo do tempo, tal como comparar mais fidedignamente empresas em diferentes setores, ajudando a tomar decisões estratégicas como a viabilidade de novos projetos. É, por isso, uma métrica essencial para quem pretende investir na bolsa de valores.
Contudo, é importante ressalvar que o EBITDA:
- Não reflete a liquidez
- Não considera mudanças no fundo de maneio
- Não indica o nível de endividamento da empresa.
Na estória que Rui Pedro Alves conta sobre o primeiro milhão é mais fácil visualizar o “perigo” de se prender demasiado a esta métrica. O que significa que, quando realizar a análise do seu negócio, deve incluir outras métricas, assim como deve acompanhar o fluxo de caixa com regularidade mensal. Se todos os nossos clientes pagassem a pronto, seria mais fácil prever o fluxo de caixa e gerir. Mas essa não é a realidade.
O EBITDA serve para:
- Avaliar se a empresa está a gerar lucro ou prejuízo operacional.
- Comparar o desempenho financeiro entre empresas do mesmo setor.
- Analisar a eficiência da gestão e identificar oportunidades de melhoria.
Qual a diferença entre EBIT e EBITDA?
EBIT – Lucros antes de juros e impostos – Lucro operacional antes de deduzir juros e impostos, mas contabiliza os efeitos da depreciação e amortização, que é um impacto contabilístico que não envolve a saída de caixa.
≠
EBITDA – Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – Além do EBIT, exclui também a depreciação e amortização. Permite uma melhor comparação de empresas em diferentes países ou setores.
Agora que o EBITDA está melhor explicado, vamos descobrir a fórmula para o cálculo do EBITDA.
EBITDA: Como se calcula?
Para calcular o EBITDA é necessário partir do lucro operacional e, a este, somar os valores referentes a despesas com juros, impostos, depreciações e amortizações, ou seja, todos os valores que são considerados saída de caixa. Pode também partir da Receita Líquida e seguir o mesmo raciocínio.
Na prática, as depreciações e amortizações, por exemplo, já estão incluídas nas despesas operacionais. Então, será necessário adicionar esses valores para anular o impacto dessas variáveis.
Podem ser duas as fórmulas de base para o cálculo do EBITDA:
- EBITDA = Lucro Operacional (EBIT) + Depreciação + Amortização
- EBITDA = Receita Líquida – (Custo das Mercadorias Vendidas + Despesas Operacionais) + Depreciações + Amortizações
Para entender melhor como se calcula o EBITDA, vejamos um exemplo prático.
Imaginemos que a sua empresa apresenta os seguintes valores na sua demonstração de resultados no final do ano:
- Receita Líquida: €1.000.000
- Custo das Mercadorias Vendidas (CMV): €400.000
- Despesas Operacionais: €300.000
- Incluindo: Despesas com Depreciação: €50.000 | Despesas com Amortização: €20.000
- Despesas com Juros: €30.000
- Impostos: €60.000
Primeiro, vamos calcular o EBITDA a partir do Lucro Operacional (EBIT):
EBIT = Receita Líquida − CMV − Despesas Operacionais
= €1.000.000 − €400.000 − €300.000
= €300.000 EBIT
Agora ao Lucro Operacional somamos a Depreciação e a Amortização:
EBITDA = €300.000 + €50.000 + €20.000
= €370.000 EBITDA
Segundo, vamos calcular o EBITDA a partir da Receita Líquida:
Somamos os custos e despesas:
EBITDA = €400.000 + €300.000 = €700.000
Subtraímos da Receita Líquida o total obtido:
€1.000.000 − €700.000 = €300.000
Somamos novamente a Depreciação e a Amortização (porque fazem parte das despesas operacionais e queremos isolá-las):
EBITDA = €300.000 + €50.000 + €20.000 = €370.000 EBITDA
Com ambas as fórmulas de cálculo do EBITDA chegámos ao mesmo resultado.
Agora, para saber quanto a empresa gera de lucro apenas com a sua atividade principal, calculamos a margem EBITDA.
Como calcular a margem EBITDA
Uma margem EBITDA elevada costuma refletir uma gestão operacional mais eficaz, ao passo que uma margem mais reduzida pode apontar para dificuldades operacionais ou aumento nos custos.
Segue o cálculo:
Margem EBITDA = EBITDA /receita líquida x 100 =
370.000 / 1.000.000 x 100 = 37%
A margem EBITDA mostra a percentagem da receita que se transforma em resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
A margem obtida é boa ou má?
À partida a margem EBITDA parece boa, mas depende.
Depende dos resultados comparativos com o setor (se outras empresas têm margens de 50%, então, esta margem pode ser melhorada), da análise da tendência: a tendência indica que a empresa está a crescer ou a cair? A empresa está endividada? Se sim, um resultado operacional como este não significa que a empresa esteja estável e sem problemas financeiros. O resultado também não mostra se a empresa está a reinvestir.
Em suma, a margem EBITDA é um indicador que necessita sempre de ser comparado interna ou externamente para que ganhe significado.
5 Vantagens e 5 Desvantagens do EBITDA
Com base na informação recolhida, nomeadamente o Estudo que abordámos no início deste artigo, expomos as vantagens e desvantagens desta métrica:
5 Vantagens do EBITDA:
- Facilita a comparação internacional: Como não é influenciado por normas fiscais ou contabilidade específicas de cada país, facilita a comparação entre empresas de diferentes geografias. Indicador versátil universalmente aceite.
- Foco na rentabilidade: O foco são os ganhos que resultam da atividade operacional principal da empresa, ignorando efeitos de financiamento, impostos, depreciação e amortização. Útil para investidores e gestores avaliarem a saúde do negócio.
- Menor impacto de variações cambiais e juros: Por excluir resultados financeiros, o cálculo do EBITDA não é afetado por flutuações nas taxas de juro ou na valorização/desvalorização cambial. É uma régua precisa para medir a produtividade e eficiência do negócio.
- Popular entre investidores: Tornou-se um indicador padrão em relatórios financeiros, sobretudo com a entrada de investidores internacionais e a globalização dos mercados.
- Avaliação do potencial de fluxo de caixa: Embora não represente o fluxo de caixa, dá uma visão inicial sobre a capacidade da empresa em gerar recursos através da sua operação. O crescimento do EBITDA ao longo do tempo indica aumento de produtividade e eficiência, servindo como base para decisões estratégicas e investimentos.
5 Desvantagens do EBITDA:
- Ignora o endividamento: Não considera despesas financeiras, o que pode mascarar problemas de sustentabilidade financeira.
- Não representa um fluxo de caixa real: Pode ser confundido com o fluxo de caixa, mas não inclui investimentos, nem variações no fundo de maneio. Estar atento à gestão de tesouraria pode ser útil para melhor entender o fluxo de caixa e a liquidez do negócio.
- Sujeito a critérios contabilísticos: O cálculo do EBITDA pode ser influenciado pela metodologia adotada pela empresa na valorização do custo das mercadorias vendidas, bem como pelos métodos utilizados na contabilização do inventário.
- Pode dar uma falsa impressão de rentabilidade: Uma empresa pode ter EBITDA positivo e ainda assim apresentar prejuízo líquido — o que pode iludir investidores menos experientes.
- Menor relevância em setores de alto custo financeiro: Em mercados com taxas de juro elevadas, o EBITDA perde utilidade por negligenciar despesas financeiras significativas.
Em suma, um EBITDA elevado é um bom indicador da saúde financeira da empresa, mas não diz tudo sobre a saúde financeira de um negócio.
Contudo, se perceber que necessita de de melhorar o seu EBITDA, siga as seguintes dicas.
Como aumentar o EBITDA de uma empresa?
Melhorar o EBITDA significa aumentar as receitas e otimizar os custos operacionais.
Algumas estratégias incluem:
Aumentar receitas | Diversificar produtos/serviços, melhorar o marketing, expandir canais de vendas, precificação estratégica (reposicionar o produto para aumentar o valor percebido e justificar aumento de preços). Focar em produtos com maior margem de lucro. Trabalhar diferenciação, qualidade e marca. |
Reter clientes | Programas de fidelização e melhoria do atendimento reduzem custos de aquisição e aumentam o ticket médio. Dicas para retenção de clientes |
Otimizar custos operacionais e reduzir despesas administrativas | Renegociar contratos com fornecedores, digitalizar ou automatizar processos, controlar melhor os gastos com pessoal e logística. Cortar despesas desnecessárias. Reduzir despesas gerais (energia, arrendamento, outros serviços contratados).Menos despesas operacionais = maior margem EBITDA |
Melhorar a eficiência operacional | Melhorar processos, treinar equipas e adotar boas práticas de gestão. |
Melhorar a produtividade | Automatizar tarefas repetitivas, investir em formação e motivação da equipa. Investir em tecnologia para aumentar a produtividade |
Aumentar a eficiência energética e tecnológica | Reduzir desperdícios e adotar tecnologias que reduzem custos operacionais a médio e longo prazo. Utilizar softwares de gestão (CRM) para controlar melhor os custos e as operações. Melhorar processos de atendimento, vendas e logística com tecnologia. |
Analisar o mercado e a concorrência | Identificar oportunidades e adaptar estratégias para ganhar vantagem competitiva. Faça uma pesquisa de mercado. |
Melhorar a Gestão de inventários | Evitar excesso de stock ou ruturas que geram custos adicionais. Implementar sistemas de gestão just-in-time ou outras técnicas de controlo de inventário. = Menos custos com armazenamento. Comunique os inventários à AT. |
Reestruturar Recursos Humanos | Avaliar produtividade por colaborador. Otimizar equipas ou rever funções duplicadas = redução do custo fixo com pessoal.Use ferramentas de produtividade. Listámos 40. |
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Empresas que se preocupam em analisar o EBITDA e em adotar boas práticas para o aumentar tendem a apresentar margens superiores e maior capacidade de fluxo de caixa.
Isso torna-as não só mais atrativas para investidores, como também mais resilientes em momentos de crise. Saiba como antever momentos de crise.
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