Como melhorar a precificação e vender mais

Encontrar o preço certo não é só uma questão de contas. Quando preço, valor e perceção estão desalinhados, as vendas sofrem e a margem encolhe. Saber precificar com estratégia pode ser o diferencial entre crescer ou apenas sobreviver. Saiba mais.
Precificação: encontrar o preço certo não é só uma questão de contas. Quando preço, valor e perceção estão desalinhados, as vendas sofrem e a margem encolhe. Saber precificar com estratégia pode ser o diferencial entre crescer ou apenas sobreviver. Saiba mais.

A precificação é das decisões mais importantes e complexas em qualquer negócio. Quer seja um produto físico, um serviço digital ou uma assinatura mensal, definir o preço certo não representa apenas o custo daquilo que está a ser vendido. Representa também a perceção de valor da proposta apresentada, por parte do cliente.

Se estiver demasiado baixo, pode transmitir falta de qualidade. Se estiver demasiado alto, existe o risco de afastar potenciais interessados. Entre estes dois extremos, está o desafio da precificação estratégica: encontrar o ponto de equilíbrio entre valor entregue, perceção do cliente e sustentabilidade financeira.

Por isso, neste artigo, vamos explorar formas de transformar a abordagem ao pricing, evitar armadilhas comuns e aplicar técnicas eficazes para testar, ajustar e comunicar preços com confiança. O objetivo não é apenas vender mais, mas fazê-lo com mais margem, coerência e propósito.

Precificação: o preço como reflexo do valor percebido

É frequente confundir preço com valor. No entanto, enquanto o preço é o número que surge na etiqueta, o valor é aquilo que o cliente sente que está a receber em troca. E o que determina a perceção de valor?

  • A apresentação visual do produto ou serviço
  • A reputação da marca
  • A experiência proporcionada antes, durante e depois da compra
  • A comparação com alternativas existentes

Quando existe um desfasamento entre o valor percebido e o preço praticado, a conversão é posta em causa. Se o valor parecer superior ao preço, a proposta é vista como atrativa. Caso contrário, surge resistência à compra.

Imagine a seguinte situação: dois consultores oferecem o mesmo serviço. Um comunica com clareza, apresenta resultados, tem provas sociais e uma marca consistente. O outro tem a mesma competência técnica, mas apresenta-se de forma genérica, com pouca informação sobre o processo ou diferenciação. Ambos podem cobrar o mesmo, mas só um transmite valor real.

Erros frequentes na definição de preços (e como evitá-los)

Na forma como se define o preço, há decisões que parecem pequenas, mas que, na verdade, têm um grande impacto nos resultados. Mesmo os negócios bem estruturados cometem erros que podem custar a margem, clientes e posicionamento. Reconhecer esses erros é o primeiro passo para evitá-los.

1. Basear a precificação apenas no custo

A abordagem tradicional de custo + margem é segura, mas insuficiente. Ignora a perceção do cliente, o contexto do mercado e a proposta de valor. Além disso, nem sempre permite cobrir todas as despesas associadas à operação, como aquisição de clientes, suporte ou retenção.

2. Copiar a concorrência

A comparação com os preços do mercado pode ser útil como referência, mas não deve ser o único critério. Cada negócio tem custos, estratégias e públicos diferentes. Imitar preços sem contexto pode resultar em prejuízo ou comprometer o posicionamento da marca.

3. Ignorar o impacto emocional do preço

O preço é também uma ferramenta psicológica. Pequenos ajustes, como terminar valores em “.99”, criar pacotes ou apresentar planos de forma escalonada, têm impacto direto na perceção e na decisão de compra.

4. Manter preços estáticos durante demasiado tempo

Com o tempo, os custos aumentam, os produtos evoluem e a proposta de valor torna-se mais robusta. Se o preço se mantém inalterado, o negócio pode estar a perder margem ou a subvalorizar a própria oferta.

Estratégias de precificação: diferentes caminhos, diferentes objetivos

Não existe um modelo único de pricing que funcione para todos os negócios. A escolha depende do produto, do público, do posicionamento e dos objetivos de crescimento.

1. Precificação baseada no custo

Este modelo parte do cálculo dos custos totais envolvidos na produção e entrega de um produto ou serviço, e inclui matérias-primas, trabalhadores, distribuição e outros encargos fixos ou variáveis. Ao valor total, aplica-se uma margem de lucro sobre. É uma abordagem simples e bastante utilizada, sobretudo em fases iniciais de negócio.

Vantagem: proporciona controlo financeiro e reduz o risco de prejuízo direto, uma vez que garante que todos os custos estão cobertos.


Limitação: desconsidera a perceção de valor por parte do cliente e ignora o contexto do mercado, o que pode levar a preços desalinhados com a concorrência ou com o posicionamento da marca.

2. Precificação baseada no valor

Neste caso, o preço é definido com base na utilidade e impacto que o produto ou serviço tem na vida do cliente e não apenas nos custos envolvidos. Trata-se de compreender o que o cliente está realmente disposto a pagar pela solução que lhe é apresentada.

Por exemplo, uma aplicação que automatiza relatórios mensais pode ter um custo de desenvolvimento de apenas 5 €, mas justificar um preço de 100 € por mês, se representar uma poupança significativa de tempo ou de recursos para quem a utiliza.

Vantagem: permite praticar preços mais altos e aumentar a margem de lucro, sobretudo quando a proposta de valor é clara e bem comunicada.

Desafio: exige um conhecimento profundo do cliente, das suas necessidades, expectativas e comportamentos, bem como uma proposta de valor diferenciadora e bem sustentada.

3. Precificação baseada no mercado

Aqui, a definição de preços assenta na análise da concorrência. Observam-se os preços praticados em produtos ou serviços semelhantes e procura-se um ponto de equilíbrio que permita competir sem desvalorizar a oferta.

Vantagem: evita posicionamentos extremos (demasiado altos ou baixos) e ajuda a manter a competitividade num mercado saturado ou muito sensível ao preço.


Risco: ao seguir os outros, pode perder-se o diferencial da marca e entrar inadvertidamente numa guerra de preços, que prejudica a rentabilidade e o valor percecionado.

4. Precificação psicológica

Esta estratégia utiliza princípios de psicologia e comportamento do consumidor para tornar os preços mais atrativos, incentivando à conversão sem alterar necessariamente o valor económico da proposta.

Entre as táticas mais comuns estão:

  • Terminar preços em “,99” ou “,95”, criando a perceção de um valor mais baixo.
  • Introduzir um plano intermédio com vantagens visíveis, que funcione como “escolha inteligente”.
  • Apresentar um preço elevado antes do preço real, criando o chamado efeito de ancoragem, que faz com que a segunda opção pareça mais acessível por contraste.

Vantagem: pode aumentar significativamente as taxas de conversão, especialmente em contextos de consumo mais emocional ou em e-commerces e serviços digitais.

Cuidados: quando mal aplicada, pode ser vista como manipulação ou gerar desconfiança. O equilíbrio entre eficácia e transparência é fundamental.

Como simular margens e breakeven de forma prática

Antes de aplicar um novo preço no mercado, deve garantir que a proposta é financeiramente viável. Não basta saber “quanto custa fazer”, é preciso perceber quantas vendas são necessárias para cobrir os custos e até onde é possível ajustar os preços sem comprometer a margem.

Felizmente, não são precisas ferramentas complexas para o fazer. Com uma folha de cálculo simples, em Excel ou Google Sheets, é possível simular diferentes cenários de forma rápida e eficaz.

Fórmulas base:

Margem de lucro (%) = (Preço – Custo) / Preço × 100

Ponto de equilíbrio (breakeven) = Custos fixos / (Preço – Custo variável por unidade)

Estas duas fórmulas são suficientes para tomar decisões informadas sobre o modelo de pricing, especialmente quando aplicadas com diferentes hipóteses de volume de vendas, promoções ou alterações de custo.

Imaginemos um produto com os seguintes dados:

  • Custo variável por unidade: 12 €
  • Preço de venda: 30 €
  • Custos fixos mensais: 3.000 €

Neste cenário, o ponto de equilíbrio é calculado assim:

Breakeven = 3.000 / (30 – 12) = 167 unidades/mês

Ou seja, é necessário vender pelo menos 167 unidades por mês para cobrir os custos e atingir o ponto zero. A partir daí, qualquer venda adicional representa lucro.

Este tipo de simulação é particularmente útil para:

  • Definir se um preço proposto é financeiramente viável
  • Testar diferentes margens antes de lançar campanhas
  • Identificar o volume mínimo de vendas necessário para sustentar o negócio
  • Avaliar promoções sem comprometer a rentabilidade

Testar e ajustar preços de forma contínua

A definição de preços é um processo dinâmico, que deve acompanhar a evolução do mercado, dos custos e da perceção de valor por parte do cliente. O que funciona hoje pode deixar de fazer sentido daqui a seis meses. Por isso, testar e ajustar preços de forma regular não é apenas recomendável, é também necessário para garantir sustentabilidade e relevância.

Como testar alterações de preço com segurança

Antes de aplicar uma mudança de preço de forma definitiva, é possível e desejável validar o impacto com testes controlados. Eis algumas formas práticas de o fazer:

  • Campanhas limitadas: aplicar novos preços em ações pontuais, durante um período específico ou com públicos definidos.
  • Segmentação de audiência: apresentar diferentes preços a segmentos distintos, com base no canal de aquisição, localização ou comportamento.
  • Testes A/B: testar dois preços em simultâneo (por exemplo, em landing pages ou anúncios) e analisar qual converte melhor.

Estes métodos permitem recolher dados reais, reduzir riscos e tomar decisões com base em evidências e não em suposições.

Indicadores a acompanhar

Ao testar alterações de preço, importa monitorizar métricas que vão além das vendas imediatas. Alguns indicadores fundamentais a considerar são:

  • Taxa de conversão antes e depois da mudança
  • Ticket médio, para perceber o impacto no valor por transação
  • Churn ou cancelamentos, especialmente em modelos de subscrição
  • Feedback espontâneo sobre o preço (positivo ou negativo), em reviews, suporte ou redes sociais

Estes dados ajudam a avaliar se a alteração está a ser bem recebida e se está a contribuir para o objetivo definido, seja ele aumentar volume, melhorar margem ou atrair um novo perfil de cliente.

Comunicar ajustes com clareza

Sempre que houver um aumento de preços ou uma alteração significativa, é importante comunicar de forma proativa, clara e honesta. Isso inclui:

  • Avisar com antecedência
  • Explicar o motivo da mudança (melhorias, custos, reforço de valor)
  • Reforçar o compromisso com a qualidade e o impacto positivo da proposta

Um cliente informado sente-se respeitado. Um cliente surpreendido sente-se enganado.

Quando a mudança é contextualizada e bem justificada, reduz resistência e reforça a confiança na marca.

A precificação é uma decisão estratégica e não é um exercício isolado. Um preço bem definido comunica posicionamento, reforça o valor e contribui para o crescimento sustentável do negócio.

Para que isso decorra da melhor forma, é necessário observar o cliente, o mercado, os custos, e sobretudo, o impacto que a proposta tem na vida de quem compra. Com testes, ajustes e escuta ativa, o preço deixa de ser uma barreira e passa a ser um motor de confiança e conversão.

Além disso, uma estratégia de pricing bem aplicada começa na definição e prolonga-se até à faturação. Contar com ferramentas que garantem esse alinhamento, como o InvoiceXpress, ajuda a aplicar preços com confiança, consistência e profissionalismo.

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Magda Santos

Profissional de Marketing Digital com foco em SEO, apaixonada por viagens, escrita, livros e fotografia. Navega pelo universo digital, enquanto explora diferentes lugares do mundo. O melhor capítulo da sua jornada de vida é o que se vai desenrolando ao lado da filha.

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